As principais habilidades que devem ser desenvolvidas por um advogado
Por Bernardo Herkenhoff Patricio –
Para alcançar o sucesso, o advogado precisa desenvolver uma série de habilidades. Basta ler outros artigos sobre o assunto que rapidamente notará que não há um consenso sobre quais são as habilidades mais importantes para um advogado.
Certo é que são inúmeras e a experiência profissional de cada causídico dará mais importância para uma em detrimento da outra. Portanto, no tocante a minha experiência profissional, elenco abaixo as quatro principais habilidades que devem ser desenvolvidas por um advogado:
1 – Paciência
2 – Oratória
3 – Redacional
4 – Organização
Paciência:
A paciência é uma virtude importante para todos os aspectos da vida, contudo, para a advocacia, é essencial.
A impaciência poderá levar o advogado a adotar uma estratégia jurídica equivocada, pode influenciar nas tomadas de decisões em uma negociação importante ou em uma audiência, como também, pode prejudicar o relacionamento entre o advogado e seu cliente.
Muito se fala sobre a importância do controle emocional, mas, sendo mais específico, a habilidade emocional que precisa ser desenvolvida é a habilidade de ser paciente, de não se desesperar, de saber esperar o melhor momento para agir, seja em um processo judicial, seja em uma negociação ou, até mesmo, em uma reunião com o cliente.
O advogado também precisa ser paciente para colher o que planta. A carreira da advocacia leva tempo para sua consagração, assim como os processos judiciais levam tempo para serem resolvidos. Então o advogado precisa seguir “plantando” e deixar o tempo fazer a sua parte.
O trabalho diário do advogado de atender bem seus clientes atuando tanto no contencioso ou preventivo precisa ser exercido com afinco e certamente gerará resultados positivos. O advogado impaciente poderá perder as esperanças e desistir quando, na verdade, está cada dia mais próximo do sucesso, mas não percebe isto.
A advocacia insere o profissional em situações conflituosas, seja com um outro colega, magistrados, servidores, entre outros e é a paciência que oxigenará o cérebro para que o advogado consiga tomar a melhor decisão naquela situação de forma que faça prevalecer a sua vontade. O advogado que responde aos berros, sobe o tom, gesticula excessivamente, acaba colhendo ainda mais conflitos e não ajuda o seu cliente.
O advogado também precisa ser perseverante. Afinal, representamos a resistência e, portanto, devemos resistir, devemos insistir pelo nosso cliente e só é perseverante quem é paciente.
Oratória:
Quando professor universitário, costumava falar aos meus alunos que o advogado ganha a vida exercendo, basicamente, três condutas: Ler, escrever e falar.
Das três condutas, a fala, na verdade, a oratória, é a mais importante. O advogado é um comunicador. Ele precisa falar com eloquência pois é preciso convencer: Convencer o juiz que sua tese deve prevalecer; convencer o seu cliente de que pode ajudá-lo; convencer a sua equipe a se empenhar mais; convencer a outra parte a aceitar o acordo.
A oratória também estará alinhada com a capacidade de negociação do advogado. Não se esqueça que o advogado é um “homem de negócios”, muitas vezes inserido como um intermediário entre um conflito.
A oratória pode ser desenvolvida através de técnicas, que podem ser estudadas através de livros e cursos. Sempre há a melhor forma de se passar uma mensagem, que deixará o advogado mais próximo de conseguir o que deseja.
Redacional:
A habilidade redacional é a habilidade de escrever bem. Mas o que é escrever bem na advocacia?
Indo direto ao ponto: seja sucinto!
Claro, me refiro nas situações em que esteja redigindo peças processuais.
Aqui, faça o próprio teste: Busque uma peça judicial com inúmeras jurisprudências, citações doutrinárias extensas e reprodução de leis e busque uma outra, mais sucinta, direta ao ponto, com uma ou duas jurisprudências, poucas ou nenhuma citação ou reprodução de leis. Depois conclua em qual delas foi absorvido mais conteúdo. Agora, imagine passar seis horas ou mais do seu dia com esta rotina. É o que ocorre com a maioria dos servidores e autoridades judiciárias.
Precisamos desenvolver a habilidade de passar a maior quantidade de informação com a menor quantidade de palavras. Observe se não está sendo repetitivo, observe se realmente precisa de tantos parágrafos para passar a mensagem que deseja.
Busque jurisprudências mais enxutas. Não reproduza a lei inteira ou todo o artigo se tudo o que importa é o inciso ou o parágrafo único. Ou melhor, reproduza o artigo no próprio rodapé. Para que inserir no corpo do texto?
Domine o software que utiliza para redigir suas peças. O mais comum é o Microsoft Word, então, domine-o. Aprenda a formatar suas peças, a dar destaque ao que é mais relevante, a ser sucinto sem descartar o que é imprescindível, a inserir imagens que “valem mais do que mil palavras”.
Aprenda a determinar o que é imprescindível em sua peça jurídica. Escrever bem depende de prática constante, portanto, pratique!
Organização
Se tem algo que acaba com a reputação do advogado é o desleixo.
Advogado não pode ser desleixado. Me atrevo a dizer que um advogado que não é capaz de se organizar, está fadado ao insucesso.
O seu cliente pode não entender nada de Direito, mas tenha certeza de que, se perder o prazo, saberá que falhou.
A agenda do advogado é o cérebro do escritório. Lá devem estar inseridas todas as informações importantes, como data e hora para serem concluídas.
Seus clientes lhe entregarão documentos originais. Em algumas situações, são os únicos que o cliente possui, portanto, seja responsável com aquele documento. Tenha um arquivo em seu escritório, com a identificação do proprietário. Se possível, faça um termo de entrega de documentos, para evitar que o cliente fique supondo que o documento está no escritório quando, na verdade, já foi devolvido.
Portanto, aparentar ser uma pessoa organizada também é importante. Ou seja, manter seu ambiente de trabalho aparentemente organizado, se manter visualmente organizado (unhas aparadas, barba bem-feita, traje alinhado), ser pontual com os horários, tudo isto irá beneficiar sua carreira e sua imagem.
Se puder, contrate alguém para auxiliar com a organização. Lembre-se que advogado que perde o prazo, perde o processo e, consequentemente, perde o cliente. Sem clientes o advogado não sobrevive. Então vale o investimento.
Conclusão:
Paciência, oratória, habilidade redacional e organização são, na minha opinião, as habilidades mais importantes que o advogado precisa desenvolver.
Mas e o conhecimento técnico?
O conhecimento técnico não entra, pois é o mínimo que o advogado precisa ter. Sem isto, nem advogado é.
Alguém comparece ao médico e pede que comprove o seu conhecimento? Obviamente que não! Todo paciente já presume que o médico tem o conhecimento técnico para ajudá-lo na cura ou no tratamento. A mesma coisa é o advogado. Não adianta achar que o conhecimento técnico é o seu trunfo, pois conhecer o Direito é a sua obrigação a partir do momento que você assume a responsabilidade de prestar serviço a um cliente.
Então estas são as dicas e espero que tenha auxiliado a se tornar um melhor profissional.
Referências:
LIMA, Ari. SETE COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO NA ADVOCACIA. Disponível em:https://www.oabgo.org.br/oab/servicos/sistema-de-inteligencia-e-mercado/marketing-juridico-artigos/sete-competencias-essenciais-para-o-sucesso-na-advocacia#:~:text=Sensibilidade%20social%2C%20capacidade%20de%20negocia%C3%A7%C3%A3o%2C%20conhecimento%20de%20neg%C3%B3cios%2C%20habilidade,o%20desempenho%20de%20um%20advogado. Acesso em 30 de ago de 2022.
Autor desconhecido. 9 habilidades necessárias para ser um advogado de sucesso. Disponível em: https://www.usjt.br/blog/9-habilidades-necessarias-para-ser-um-advogado-de-sucesso/ Acesso em 30 ago de 2022.
PEREIRA, Aline de Sousa. 7 Competências na advocacia que você precisa desenvolver. Disponível em: https://blog.sajadv.com.br/competencias-na-advocacia/ Acesso em 29 ago 2022.